ESCULTURA, PINTURA E OUTRAS PALAVRAS

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Carta ao Chico

Meu Caro Amigo,
Cadê Você , Chico? Apesar De Você arisco, mando-lhe " notícias frescas ". Lembra Onde É Que Você Estava, quando disse que " a coisa aqui tá preta, muita mutreta, etc " ?Pois É ! O Cotidiano ficou Para Todos nós mais preto ainda do que antes e você não diz Uma Palavra.
É um baita sufoco Até O Fim esse Moto Contínuo e Na Carreira. A Vida é uma Roda Viva caindo Pelas Tabelas que Vai Levando um Pedaço de Mim.
O Malandro faz o que bem quer, enquanto a Gente Humilde, vive Atrás da Porta, trancada numa Fortaleza cheia de Corrente.
A Caçada na rua é Bárbara, muito Pivete e bandido no Sinal Fechado.
Veja A Foto Da Capa naquele Folhetim semanal. Trapaças nos Bastidores, lá onde Vence na Vida Quem Diz Sim. Com o Malandro do Partido Alto é só Festa Imodesta de Cálice na mão. Você Não Ouviu nada sobre isso? É, Quem Te Viu E Quem Te Vê, né Chico? Falando Sério, dá lá Um Bom Conselho prá eles.
Injuriado com tudo isso, Não Sonho Mais. O Amanhã Ninguém Sabe direito O Que Será , se Vai Passar ou se vai ser a Gota D'agua.
Agora Trocando Em Miudo, a coisa virou um baita Brejo da Cruz pois Não Existe Pecado Ao Sul Do Equador.
Melhor é mudar de assunto. Tanta Saudade dos Anos Dourados, da Feijoada Completa e a gente Sem Compromisso, na Flor Da Idade tomando Umas E Outras assistindo O Futebol.
Romance com As Meninas era um Eu Te Amo de Olhos Nos Olhos. A Tatuagem era feita dentro da gente com Todo O Sentimento. Hoje é o tal Amor Barato e Sem Fantasia. Bom Tempo aquele Viver De Amor e De Todas As Maneiras...não morria e um tetrex resolvia tudo.
Para o Velho Chico, Mil Perdões por esse Retrato Em Branco E Preto cheio de Desalento. Que As Cartas futuras sejam Como Se Fosse A Primavera, com aquele Passaredo cantando como Sabiá.
Pela suas Tantas Palavras cantadas Sobre Todas As Coisas, que nem sei qual A Mais Bonita, o meu Deus Lhe Pague.


Com Açucar e Com Afeto
Salviano Santos







segunda-feira, 27 de setembro de 2010

ESCULTURA, PINTURA E OUTRAS PALAVRAS

Tortura - ( samba )

bem sei que tudo tem um fim
até a vontade de cantar
só seu amor é como assim
o meu remédio meu "afrin"
sem ele não sei respirar
.
de noite sua falta me tortura
a pensar que nessa altura
outro jura que é tão seu
pior sei que finge que acredita
pois bem sabe que é só fita
nunca foi igual ao meu
.
bem sei que tudo tem um fim
até a vontade de chorar
mas cadê forças prá fingir
e me esconder num bom sorrir
querendo no fundo é gritar
.
botava nosso disco preferido
prá que assim despercebidos
a gente pudesse amar
velando cada beijo infinito
na vitrola a voz do Chico
com " As vitrines " a cantar
" eu te vejo sumir por aí "
(incidental)

Tiro certeiro - ( baião )

olha eu não sei o que me acertou primeiro
se foi o beijo o dengo do olhar
eu só sei que foi um tiro certeiro
que até hoje tá matando devagar
que até hoje tá matando devagar
.
eu vou te dar todo dia de presente
as fantasias que você quiser sonhar
e uma vidinha de princesa pela frente
e um calo no beiço de tanto eu te beijar
e um calo no beiço de tanto eu te beijar
.
se é do veneno que se faz uma vacina
a minha sina é você me envenenar
o dia todo até que a medicina
invente outra coisa melhor prá curar
invente outra coisa melhor prá curar
.
já enfrentei tempestades calmarias
toda agonia e perigos de alto mar
eu só num sei como eu me salvaria
se tu disesse que num pode me amar
se tu disesse que num pode me amar

Você - ( bossa nova )

você é meu próprio pensamento
minha dor meus bons momentos
se dispõe quando me quer
passa fere e chama quando anda
que me nega mas por dentro clama
por um amor prá uma mulher
nessa loucura disfarçada eu vou te amando
como um barco navegando
indo prá onde Deus quiser

.
você é meu próprio julgamento
meu juizo meu alento
nas travessuras prá te amar
me segura firme adere e me inflama
esse amor posto em chamas
não consigo apagar
nessa loucura disfarçada eu vou te amando
como um barco navegando
indo prá onde Deus quiser
.
mesmo que fique para sempre então marcado
serei seu doce pecado e você o meu perdão

Reverso ( ditas )

e tudo fica estranho como se de repente
eu vivesse mudo sob um ninho emprestado
que nem cabe as asas da minha vontade
e muito menos esse corpo doido e cansado
-nessa sensação de despejo eminente
até meu verso anda zangado
como se já tivesse com todos brigado
.
e ele alí debruçado na gaveta
como se fosse uma janela antiga
fica vendo a vida enganando a vida
vê o mundo decadente e sem graça
vê que não tem emoções prá passar à limpo
- e não tendo mais pressa nem dia e nem hora
vai engolindo atravessado seu tempo
como se engole uma forte cachaça

Velho espelho - ( valsinha )

velho espelho meu
onde se meteu
minha doce juventude?
porque se juntou
ao tempo e me deixou
as marcas da sua atitude?
- foi a ilusão
que talvez a seduziu
e numa aventura
com ela partiu
me resta um retrato
velho de um improviso
e no rosto alí está ela
mostrando um sorriso
velho espelho meu
onde se meteu
o meu rosto antigo?

Temperança - ( canção )

era um menino como muitos por aí
era tão pobre como muitos por aí
no colorido do seu sonho tão real
todo seu mundo não passava do quintal
.
um dia veio uma tempestade e desmanchou
tudo o que havia feito do quanto brincou
caíram os muros e seu mundo se alargou
e da porta em silêncio a olhar, aquele beco
.
era um rapaz como muitos por aí
era tão pobre como muitos por aí
no colorido do seu sonho tão normal
cheio de tramas, dramas e desejo carnal
.
um dia veio sua amada e levou
tudo o que havia feito enquanto amou
caíram os muros e seu mundo se alargou
e da porta em silêncio a olhar, aquele beco
.
era um velho como muitos por aí
era tão pobre como muitos por aí
no colorido do seu sonho tão divinal
seu rosto frio coberto num jornal, naquele beco

Sem pudor - ( bossa nova )

um grande amor
não tem pudor nem é prudente
é um delinquente sonhador
dentro da gente
quando é favor se dar no amor
pontual, mente
é ser servente, não , não é amante

.
assim era a canção
de um pescador que pescava o mar
sabia que de dia sofria de esperar
sua amada que morria de sede
prá amar seu pescador
.
só quem não tem
prá si um bem é que não entende
o trovador e o navegante
versos e barcos sempre fartos de partidas
sonhos e dor, tempestades calmarias

Sem fadiga - ( bossa nova )

teu corpo estrada sem fadiga
quanto andei, quanta despedida
nas curvas morenas me chamava
e eu fiel servo te dava
todo amor do peito meu
e o tempo a cada dia tão pequeno
como um gole de veneno
nos matava toda vez
.
teu corpo estrada sem fadiga
mistérios têm como a própria vida
desvendar jamais desvendarei
mas foi nele que encontrei
as vontades já perdidas
e o tempo a cada dia tão pequeno
como gota de sereno
de repente se desfez

Saco sem fundo - ( baião )

meu coração é como um saco sem fundo
é um retirante calejado de sofrer
e minha vida parece o nordeste
tudo tá ficando agreste venha me chover
.
fazer brotar tanta coisa pequenina
com esse ar de menina e desejos de mulher
essa mistura de tesão e de ternura
é que enche de fartura o meu corpo de sertão
.
esse seu jeito de me olhar miudo
que me diz tudo sem usar o abc
é o trejeito mais doce do mundo
que me faz esquecer tudo e partir prá você
.
de virar vento, virar chuva, ventania
de ser sua fantasia e inundar o seu sertão
e afogar toda sua agonia ser sua noite
ser seu dia seu luar sua paixão

Rosa - ( samba )

dos males da vida o pior
é não poder te amar
dos males da vida o pior
é não poder te amar
.
que eu perca o salário o emprego
os amigos o sossego
a vontade de cantar
que empene essa viola
que eu tenho tanto apego
nem pru mengo vou dar bola
se você ficar comigo para sempre
.
dos males da vida o pior
é não poder te amar
dos males da vida o pior
é não poder te amar
.
de noite eu prometo estar presente
com um carinho que te esquente
e te amoleça no sofá
e se na manhã seguinte
me acordar dizendo, ôi nêgo !
eu capricho uma saideira
e vou contente pru batente,
- se não for domingo
viu Rosa

Recado - ( samba )

diz prá ela que eu vou sim
que pode se arrumar
e bote aquela água de cheiro de capim
e o vestido de listrado
.
pois se depender de mim
essa noite não tem fim
prá esse amor tanto guardado
foram sonhos lindos loucos
em momentos de sufoco
esperando seu recado
.
vou te amar indiferente
aos olhares dessa gente
que gosta de um diz-que-diz
vamos sair ai pela rua
com a alma toda nua
indecente mas feliz
.
vamos sair pela rua
com a alma toda nua
indecente mas feliz

Profecia - ( baião )

tudo está no pergaminho
com ameaças e alertas
o remédio que não cura
falsos cristos e profetas
a verdade hoje é quem jura
que a mentira é que tá certa
.
a vida sempre esconde
o mistério que é você
por mais que se encontre
você tem um lado
que ninguém vê
e por mais que você responda
aí tem um outro porquê
.
cada um tem seu caminho
suas pedras na jornada
tem que decorar sozinho
uma dura taboada
prá no fim de tantas contas
vê que não aprendeu nada
.
a vida sempre esconde
o mistério que é você
por mais que se encontre
você tem um lado
que não se vê
e por mais que você responda
aí tem outro porquê
e depois outro porquê

Presente ( baião )

você num sabe o que é ser um deserto
com tanta água por perto e carecendo de calor
prá de repente ver brotar na sua frente
embrulhada prá presente
o seu derradeiro amor
.
pru meu amor faço tudo que mandar
prá regar a minha flor pego água no jacá
.
ela chegou na minha vida feito encanto
me acordou de um sono e tanto
que dava medo de acordar
me fez sonhar e tirou todo o quebranto
da viola e do meu canto
deu vontade de cantar

Porto e Mar - ( valsinha )

-sou porto de mar
eu barco à deriva
-então venha me atracar
e eu tanto preciso
-escolha o lugar
prá mim tudo é importante
-então é todo seu
nunca o perderei de vista
.
-nunca esteve em mim um barco tão sofrido assim
foram temprestade e um constante estado de motim
-prometa nunca mais zarpar de mim
jamais deixarei este seu cais
-não mais temerei os vendavais

PÔ PAI - ( charlleston )

apesar do meu tamanho
sou capaz de te ensinar
a deixar de ser um estranho
que nem vem mais prá almoçar
veja a vida tá passando
na janela do nosso olhar
se a alegria anda curta
eu te ajudo a espichar
sinto que estou te perdendo
te perdendo devagar
e dezembro tá tão longe
tá tão longe prá esperar
pois não vê que estou crescendo
pois não vê que estou sofrendo
pois não vê que estou morrendo
de vontadade de ganhar
de presente...você

(*) música : Rosa Maria de Paula - (Rosinha)

PLANALTO - ( toada )

neste planalto onde brota decisão
de sonhos largos decretando a ilusão
onde a gravata leva alguém sempre sozinho
sempre no mesmo caminho de volta prá solidão
.
é uma alvorada despertando emoção
é uma alvorada adiando o coração
.
são criaturas, credos, crenças são crianças
inventando esperanças que o amanhã será melhor
e no espelho passa tão despercebido
um rosto com o olhar fingido
prá sorrir prá um outro pior
.
é uma alvorada despertando emoção
é uma alvorada adiando uma razão
.
um planetário de concretos pelo chão
são tristes astros simulando intenção
por um poder, vaidade e sacrifício
profissão , rosário , ofício
e um favor de mão em mão
.
é uma alvorada despertando emoção
é uma alvorada iludindo uma nação

PILHÉRIA - ( bossa nova )

onde foi que eu te perdi
como e quando eu não sei
quantos pedaços de mim eu juntei
onde foi que não cedi
as suas loucuras do querer
quantas vezes me traí
esperando prá te ter
.
pilhéria, pilhéria, pilhéria
veja só essa minha vida
miséria, miséria, miséria
veja só ainda estou com vida
.
hoje você se autoriza
e me improvisa pra viver
e diz coisas tão doidas
prá eu sair de você
.
mas se um dia eu conseguir
rir de novo e vir à ser
esse grito aqui contido
será um basta prá você
.
quem dera , quem dera, quem dera
estar pronta prá essa despedida
quem dera, quem dera, quem dera
estar pronta prá essa despedida

Pesadelo - (chorinho)

aquela moça que mora aqui no edifício
me tortura dá loucura na doçura do tal vício
de tardezinha quase nua dependura
suas calcinhas na altura da sacada de serviço
que sacrifício vendo ela aqui de casa
é propício mas arrasa as vizinhas e ela alí
e provocando as calcinhas vão secando
com o vento balançando como que a rir de mim
e a noitinha de olho no quarto dela
pois quem sabe outra vez ela que não tem tanto pudo
sempre deixando escancarada a janela
que daqui vê toda ela trocando no toucador
ai acordo assustado com tudo isso
tô atrasado pru serviço e ainda no quarto andar
desço apressado meio tonto e dou de encontro
com a tal moça na escada de penhoar
hoje eu não sei mais o que é fantasia
mas no fundo eu queria fazer tal sacrifício
pra quem sabe qualquer dia nesse mundo
ter um caso profundo com a moça do edificio

domingo, 26 de setembro de 2010

Pelos becos - ( fado)

sinto que minha vida escoa à toa
entre os dedos pelos becos à escutar
um fado a falar de amigos
dos amores sufocantes
das amantes lá do cais
.
a minha dor essa vadia
se despe em pleno dia
num copo prá se banhar
.
cada canto é um abrigo
amigo desses antigos
dando ouvidos prus meus ais
e minha alma tão vazia
já não cria mais fantasias
pru coração sonhar
.
oh! que estranhas parcerias
que só na poesia conseguem se rimar

Os brinquedos encantados (*) - (marchinha)

de uma caixa de brinquedos
que de enfeite só servia
fizeram em segredo
um mundo de magia
porque foram trocados
por brinquedos que não brincam
ou que já vêm brincados
cheios de otões e pilhas
.
e é quando todos dormem
um sono bem pesado
que eles tomam vida
no quarto encantado
onde não existe medo
nem dor, só alegria
ningém percebe nada
porque tudo é fantasia
.
ah! que bom seria se a vida fosse assim
deixar as crianças com a gente brincar
e o tempo parasse prá mim
.
(*) musical infantil com o mesmo nome Lar Escola - Pestalozzi de Franca - SP

OUTRO DIA - (samba)

virar , virar a mesa uma vez na vida
quebrar os pratos
romper os tratos
livras das fotos
juntar os fatos
catar os trapos
fazendo votos de despedida
.
amar, amar como sempre de partida
lavar os pratos
rever as fotos
juntar os trapos
livrar dos fatos
guardar os tratos
fazendo votos prá toda vida

Torondó, o circo - canção

olha o trem chegando na estação
diz que tem mil cores nos vagões
tem também palhaços e anões
trapézios e leões
.
há quanto tempo esperei
prá ver um circo chegar
mas tudo e tudo que sei
foi só de ouvir contar
.
a multidão pede bis
do trapezista ao saltar
arriscando a vida da atriz
dançando em pleno ar
.
lá vai o trem deixando a estação
nem parou, ninguém dele desceu
mas alguém de longe ainda gritou
que o circo adoeceu
.
que tudo já desbotou
ninguém mais anda no ar
e que até o palhaço ao sorrir
conta gotas no olhar
.
música de Rosa Maria de Paula ( Rosinha )

O ANJO - (valsa )

quem é esse anjo da asa partida
que de repente cai do céu na minha vida
que vem no meu colo ninar
como ninguém foi capaz
e que fica fuçando em mim
brincando de sonhar
.
quem é esse anjo da cara lambida
que me possue feito numa despedida
que faz como ninguém fez
toda vez gostoso de mais
e diz cada coisa pra mim
que jamais posso contar
.
quem é esse anjo da mão estendida
que nem bem chega já está de partida
que esquece o seu coração
e sempre algo mais
que fica fugindo de mim
e não posso ir atrás
.
só eu sei onde está escondido em mim

Não diga não - ( samba canção )

não, não diga não
a hora é um eterno sim
me dê a sua mão
que eu sei prá onde ir
esconder no seu porão
sem pressa de sair
abrir seu coração e conferir
suas pegadas, mil pegadas
suas marcas, tantas marcas
tão adocicadas, gerais
passar a dor à limpo
queimar canaviais
depois dormir em paz
depois querer de novo, mais

Pilão - ( samba canção )

eu não queria ser assim tão tola
deixando à toa sonhos sem sonhar
ai quem me dera livrar da mordaça
que me faz sem graça e nem deixa eu cantar
.
vou me socando num pilão antigo
não vendo sentido nesse meu socar
perdida não vejo saída
a paixão contida no corpo escondida
se atrevendo a amar
.
vou me levando de qualquer maneira
feito uma roseira que tem que rosar
e apesar de todo meu perfume
o tempo me assume e me faz calar
.
e me embrulhando prá dar de presente
prá quem está ausente e já nem quero dar
no espelho solto meu cabelo
me olho com zelo, mas faço um apelo
prá noite acabar

Meus conhecidos - ( chorinho )

meus conhecidos tão bem sucedidos
se juntam em bando , são tão parecidos
e vêm de uma mesma fornada
e vendem a mesma mentira
uma hipocrisia danada
mexendo em velhas feridas
.
pobres meninos tão mal crescidos
se juntam em bando correndo perigos
uma boa pelada na praça
à toa pedradas nos vidros
com a mão trepadas de graça
nos porões escondidos
.
meus conhecidos tão bem vestidos
só falam de bancos dos juros perdidos
e cantam no canto outra amada
no entanto se julgam amigos
ela com a vontade estancada
ele com o prazer reprimido

Em canto - ditas

Deus já era compositor antes de ser arquiteto
não foi à toa que criou esse imenso palco sem teto
tudo feito em sete dias
como se fizesse com as sete notas musicais
sua melhor melodia

Amigo - ( bossa nova )

você partiu e tão pouco ficou
que nem viu a roseira florir no jardim
gente simples era seu canteiro
do qual era o jardineiro
que tão bem soube cuidar
.
você partiu e contigo levou
nem atinou que não devia tirar do lugar
do album aquela figurinha
mais difícil que eu tinha
não há outra pru lugar
.
brincando foi mudando de abrigo
agora falta o amigo
a dizer olá querido

Mania - ( samba canção )

já cansei dessa sua mania
de inventar mentiras
e fuçar nas feridas do meu coração
até quando pegunto
se ainda gosta de mim
com a boca diz sim
com o corpo diz não
.
sempre diz que está tão cansado
do dia agitado e que está apressado
prá outro cerão
e a noite feito chamas nesse longo verão
me cochicha safados desejos na cama
.
e rolo, mexo e deixo o meu corpo buscar
as minhas matas, picos, fontes virando mar
e meu corpo dormente, desfalece é o fim
e um sono gostoso manhoso
é quem cuida de mim

Leito - ( canção )

eu quero você num leito, leito de rio
se o tempo é tardio, mas dá pra chegar
rio sem margem, sua imagem sem maquiagem
prá nos manchar
.
eu quero você num leito, leito de rio
como pedras rolando, rolando devagar
eu quero você num leito, leito de rio
seguindo os desvios a caminho do mar
.
eu quero você num leito, leito de rio
eu tenho um silêncio prá te contar
eu quero você num leito, leito de rio
braços soltos, gestos loucos no ar
.
rio sem margem, miragem,
sua imagem sem maquiagem
pra nos guiar

Las madres de la Plaza de Mayo

de repente, eles por um motivo demente
levaram você da gente e de vez definitivamente
extirparam do seu rosto, sorriso, voz e grito
e hoje, quando vejo a multidão contente
dissimulando a dor nesse colorido ensaio
meu coração vira uma enorme praça
repleta com "las locas de mayo"
e se outra voz calar em nome da verdade
outras mil virão nascendo atrás
como se fez, como se faz uma verdadeira paz

Saudade faca - ( baião )

coração chacoalhando feito um trem
ao partir deixou alguém
com uma estação em cada olhar
.
a paixão, esse troço que faz bem
é o fogo que mantem como voltar
.
êta saudade faca
quando se deixa alguém
fere fundo e não mata
arranca o que não tem
.
meu peito é um estreito caminho
eu sei que irei nele tão sozinho
eu sei que é lei prus meus amigos
que um dia eu voltarei

Exílio - ( fado )

me dá uma abertura
e sua anistia com ternura pra eu voltar
prá junto do que é meu
do que já é tão seu
pois tanto se perdeu aquí e também aí
por pouco nos deixar felizes para ter
um pouco do amanhã só nosso
e sempre em paz
.
deixa esse exílio
e venha em meu auxílio
pois nós dois seremos mais
você só quer unir e eu não desatar
o hoje do amanhã que ainda está por vir
nós temos que enfrentar tudo o que separou
por Deus não vou deixar
que nada volte atrás

Espantador - ( baião )

êh! tenho que cantar
tenho que cantar prá espantar a dor
que quer se achegar
êh! tenho que cantar
tenho que cantar prá sofrer de amor
basta se gostar
.
amar é ficar exposto do dedão ao rosto
depois do gostar
e juntinho com todo carinho, te ouvir baixinho
prá eu te abraçar
.
êh! tenho que cantar
tenho que cantar pra esquecer do amor que deixei no mar
êh! tenho que cantar
tenho que cantar pra esconder a dor que tá de matar
.
a paixão é feito um encosto
quando "panha" gosto nem com patuá
nem vela com fita amarela
prá dar jeito nela , é só tempo passar

Em tempo - ( samba canção )

abrir a porta e sair enquanto é tempo
e dar a volta me ver por dentro
por um momento ser primavera
que me convida pra ir com quem
que além de me fazer bem
gosto dela toda vida
falar do ontem do que fiz e não quis
e uma revolta vem e me diz
fazer de conta que é feliz

ELIS - (ditas)

era uma vez, uma mulher...
um cometa arrastando um céu
um pote d'agua lavando almas
uma tempestade matando saudades
.
era uma vez, uma mulher...
lavando um céu com pote de lágrimas
numa temprestade de saudades
.
era uma vez, uma mulher...
era uma vez, uma
era uma
era
Elis

CLARICE - ( bossa nova )

Clarice logo vai anoitecer
essa tarde ao cair, vem morrer no meu portão
Clarice, tanta coisa por dizer
como vou poder seguir
se os meus pés não estão no chão
.
vê aqui na minha mão
qual caminho hei de seguir
se é pra sempre me perder
e se tudo for tudo em vão?
.
Clarice, quantas marcas prá esconder
como vai poder despir, que desculpas vai dizer
como vai poder fingir na hora do prazer
se eu ainda estou aí tatuado em você

Choro apressado - (chorinho)

quem vê esse chorinho tocado apressado
no fundo eu queria é um canto sossegado
e num passe de magia ter meu alguém do lado
e lá fora um dia chuvoso, manhoso de um feriado
.
e fica esse gostinho de jiló afogado
sem ter notícias suas, sem te ver um bocado
e doi estar ausente , assim como exilado
que faz do amor mais forte, mais quente na gente quando evitado
.
aí, peço ao cavaquinho prá te levar o recado
que todo meu carinho tá aqui dentro guardado
fingindo alegria, escondendo um mal estado
de um coração carente que nega, que mente, mas tá rasgado

CANTAR - ( marchinha )

cantar, cantar
é uma receita de viver
tira a ruga e o tédio
prá criança um bom remédio
abre o apetite e faz crescer
.
canta, cantar
é como achar o que perdeu
deixa o seu corpo balançar igual ao meu
não é feio ser criança
só porque você cresceu
.
cantar, cantar
veja a alegria que nos deu
nós colhemos essa vozes
no jardim do Pestalozzi (*)
leve de presente
leve de presente
essa semente prá você,
tiau ! tiau!
(*) composta para as crianças carentes do Pestalozzi de Franca - SP - unidade lar escola.

sábado, 25 de setembro de 2010

CANTADOR - ( baião )

com licença meu amigo um minuto por favor
prá essa viola gemida que vem do interior
tocando bem na ferida na voz desse cantador
do jiló que tá a vida, no suor de tanta lida
que num dá nem prá comida e o futuro não tem cor
.
a casa virou gaiola, preso é seu morador
o papel tá invertido, bandido tem protetor
quem trabalha é extorquido nas garras do coletor
e o jovem é caçado, na rua sacrificado
ele vale seu calçado ou um brinco sem valor
.
quando é que um vivente cabra macho lutador
vai ser um bem diferente pra acabar com esse terror
onde brota tanto espinho também nasce uma flor
.
com licença mas agora eu tenho que ir embora
pois "quem sabe faz a hora" como disse o Vandré
com licença mas agora vou guardar minha viola
pois "quem sabe faz a hora " nessa rima eu boto fé

BLUE - ( blue)

todo fim de amor é pecado
resto de amor, que pecado
já não dá tudo o que tem
lá do fundo do peito guardado
.
no começo é doce pecado
no primeiro beijo roubado
pois se dá o que ainda não tem
e o que tem é sobra de passado
.
a felicidade de um deixa um meio zum
mesmo que haja o sim ou negocie um fim
ou seja lá como for, é inevitavel a dor
prá consertar um amor estragado

BIS - (samba)

sua ausência tá trazendo

dor de mais

a distância corroendo

a minha paz

o silêncio é um grito louco

um sufôco que me faz

sair pela ai correndo

sem ter o que ir atrás
.

finge que é tão feliz

com o seu rapaz

esse ar de tanto fez

ou de tanto faz


Baião Triste - (baião)

de repente jogo o laço no espaço imaginação
vê se trago pru meu lado de novo a emoção
que perdi ainda moço quando deixei meu sertão
eu cantava em prosa a vida em versos a ilusão
.
meu corpo ficou tão frio e meu coração é de aço
um animal sem cio, sem trato e sem pasto
já não sei como voltar e ver noite com luar, viola e canção
uma brisa a me alisar o corpo a descançar, depois um sonho bom
.
na rua sou clandestino, em casa sou solidão
um braço produz dobrado outro paga a prestação
me vendi pra um destino sem sentido , sem razão
escravo especializado sem poder de criação
.
minha boca é um rio sêco, meu olhar tanta boiada
minha língua é morte á mingua, minha mão essa invernada
já nem sei se sei cantar, só sei que prá chorar me basta um baião
como dói nunca voltar a ser simples prá se dar e viver sem ambição

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Antônio Conselheiro - ( baião )

chovia muito no sertão inteiro
há muito tempo sol não tinha não
mas eis que um tal de Antônio Conselheiro
um beato milagreiro com um bastão na mão
onde chegava a chuva parava
e com a mão ele estancava toda inundação
.
e o boato mais se espalhava
e atrás dele se ajuntava uma multidão
o sertão vai virar mar o mar vai virar sertão
e do céu há de voltar nosso rei Dom Sebastião
.
ardia muito o sertão inteiro
há muito tempo não chovia não
mas eis que um tal de Antônio Conselheiro
um beato milagreiro com um bastão na mão
o céu fechava e água caia
e com a mão ele erguia a plantação do chão
.
ele era magro assim desde menino
uma cabeleira e barba por fazer
pé na poeira e olhar sereno
num corpo moreno feito no sofrer
vestia sempre um vestido comprido
azulado e desbotado tanto sol bater
e carregava feito um soldado
sua arma o cajado prá miséria tanger
.
calça de brim, precata, chapéu de couro
embornal, saia de xita e na boca dente de ouro
água no pote, lamparina incandescente
carne sêca no varal , xaxado e aguardente
e o beato quando levantava o dedo
fazia cagar de medo cabra metido á valente
.
e numa tarde quente de setembro
num povoado chamado Canudos
mais de mil homens muito bem armados
com a farda do estado fuzilaram tudo
véio , criança e até mulher com pança
num restou de tal matança, tudo ficou mudo
.
e o nordeste prá sempre ser lembrado
prá sempre condenado como o fim de mundo
o sertão vai virar mar o mar vai virar sertão
e o do céu há de voltar nosso rei Dom Sebastião

ANIL - ( choro )

Brasil , o que fizeram com você ?
não é de bem nem pode ser
com quem andou e se perdeu por aí.
eu bem que lhe avisei do monte de interesses
que eles tinham pra que corrompesse
nas más companhias que arrumou por aqui
.
a gente sente que há muito tempo que já tá doente
que contraiu ainda adolescente naquele primeiro de abril
.
Brasil, olhe no espelho do passado prá se ver
não é á toa que ninguém mais crê
quando promete, logo contradiz
e diz prá eu ir levando e ficar contente
na corda bamba desse vil batente
que fez da gente tudo o que bem quis
.
mas não é tarde, ainda há tempo prá arrependimento
venha acabar com tanto sofrimento que a gente merece ser feliz

AMOR DESBOTADO - ( canção )

preste atenção minha amada
veja esse amor anda surdo
já não confessa mais nada
e o corpo dá-se tão mudo
lembro que quando te via
e vinha prá eu abraçá-la
um arrepio sentia
do jeito que a gente se olhava
.
se o tempo não desbotasse
esse amor só vivesse
e não se estranhasse
de tando romper-se
não nos matasse a cada segundo
.
se um olhar nos unisse
de tudo que tudo perdeu-se
se tudo que tudo que disse
como promessa valesse
assim talvez não cantasse
assim talvez nem soubesse
do peso desse disfarce
escondendo a dor da minha face

Um sonho será - ( bossa nova)

será que de noite ela sonha?
sem censura ou vergonha
o que me diz no olhar?
será que lá na madrugada
deseja ser amada
de um modo qualquer?
com um qualquer e de qualquer...
me diga que não é pesadelo
o sonho que eu quero ter
dela me sonhar
então noite, venha depressa
venha cumprir sua promessa
e me leva até lá
quiçá se nele for entrando
e cenas se passando
mudando devagar
a vagar devagar
e lá se misturando em mim
desembrulhando de um cetim
prá no seu sonho eu entrar

Adoniran - ( samba )

lá se foi nosso sambista
deixando um baita vazio aqui no balcão
ele bem que num queria
mudar dessa freguesia
e deixar nóis aqui na mão

nunca fumos egoistas
só num queria é ficar de tudo infeliz
agora nóis embruia essa tristeza
batucano aqui na mesa o samba que ele diz :
"não posso ficar nem mais um minuto sem você "

são são paulo bem podia se mancar
num levar as parceria
que depois de um duro dia
faz a gente aceitar
engolir essa marmita
pra beber dessa birita
pra de novo enfrentar
as garoas fria.

água, ar, fogo e terra ( ditas )

águas puras cascatas que despencam irreverentes
lave minha alma, até que alva fique plenamente
ar, permita que meu corpo com vontades plenas
possa tê-las todas, pois são tolas, passageiras e pequenas
fogo, não deixe que meu vício converta-se em sacerdócio
mas que não seja todo ofício e que não seja de todo um ócio
creio que ao pedir tão pouco não me juguem um louco
isso é somente prece, sem regra, sem a peça do tal jogo
que a terra ganhará meu corpo, de novo.

domingo, 12 de setembro de 2010

sábado, 11 de setembro de 2010

AFETO - Mãe com filho

(argila espatulada- tamanho natural )

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

OS ZUNIDORES

(acrílica-tela 3,00 x 1,60 metros) Nocera e Salviano

SONO e SONECA




( argila )

MIURA - argila espatulada




TOTEM - divindades



( argila espatulada tamanho natural )

AMOR x ÓDIO




( frente e verso argila 25x20x15)

O DUPLO








( técnica mista espatulado tamanho natural)

PEIXES - II

(argila )

PEIXES

(acrílico tela 120x70)

ELOS

(painel em aço carbono 280 x 90)

BANDEIRA UNIDA

Bandeira unida tamanho oficial instalação em aço carbono, acrílico, luz e podões corte de cana

BANDEIRA PARTIDA


Bandeira Partida - tamanho oficial instalação em aço carbono, madeira, luz , acrílico e podões .

ATABAQUES I e II




( argila tamanho natural )

FRUTAS

(acrílico tela 120x70)

Armador

(acrílico tela 80x60)

PRIMAVERAS - IV


(acrílico tela painel 150x70)

PRIMAVERAS - III

(acrílico madeira 120x70)

PRIMAVERAS - II

( óleo tela 120x70)

PRIMAVERAS - I

(acrílico tela 120x70)

De olho no gato

(acrílico tela - paineis 90x030)

Baruke com Tigre


(acrílico tela 40x60)

Minha Aorta Abdominal e Cavalo




(acrílico tela )

ELA - no dia seguinte

(acrílico tela 90x150)

ELA - antes

(acrílico tela 120x70)

Ela - após

(acrílico tela 120x70)

Abapretus tarcilosas

(acrílico tela 40x60)

OS DOIS - II

(acrílico tela 120x70)

OS DOIS - I

(acrílico tela 120x70)

RAZÃO X PAIXÃO

(acrílico tela 120x70)

PAIXÃO X RAZÃO

(acrílico tela 120x70)

VIDA - cifrada

( acrilico madeira painel 200x70)

PAISAGENS - FAVELA - III

(acrílico tela 120x70)

PAISAGENS - FAVELA - I

(acrílico tela 120x70)

PAISAGENS - Entardecer

(acrílico tela painel duplo 160 x 70 )

PAISAGENS - Amanhecer


(acrílico tela 120x70)

PAISAGENS - Araguaia agosto

(acrílico tela 120x70)

PAISAGENS - Alpes

(acrílico tela 120x70)

CANAVIAIS - IV

(acrílico tela painel duplo 220x70)

CANAVIAIS - III

(acrílico tela 70x60)

CANAVIAIS - II

(acrílico tela - painel duplo 2,40 x 0,70 )

CANAVIAIS - I

(acrílico tela 120x70)

MADONA

(acrílico tela 60x80)

LUA - CHEIA

(acrílico tela 120x70)

LUA - III

(acrílico tela 120x70)