ESCULTURA, PINTURA E OUTRAS PALAVRAS

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Antônio Conselheiro - ( baião )

chovia muito no sertão inteiro
há muito tempo sol não tinha não
mas eis que um tal de Antônio Conselheiro
um beato milagreiro com um bastão na mão
onde chegava a chuva parava
e com a mão ele estancava toda inundação
.
e o boato mais se espalhava
e atrás dele se ajuntava uma multidão
o sertão vai virar mar o mar vai virar sertão
e do céu há de voltar nosso rei Dom Sebastião
.
ardia muito o sertão inteiro
há muito tempo não chovia não
mas eis que um tal de Antônio Conselheiro
um beato milagreiro com um bastão na mão
o céu fechava e água caia
e com a mão ele erguia a plantação do chão
.
ele era magro assim desde menino
uma cabeleira e barba por fazer
pé na poeira e olhar sereno
num corpo moreno feito no sofrer
vestia sempre um vestido comprido
azulado e desbotado tanto sol bater
e carregava feito um soldado
sua arma o cajado prá miséria tanger
.
calça de brim, precata, chapéu de couro
embornal, saia de xita e na boca dente de ouro
água no pote, lamparina incandescente
carne sêca no varal , xaxado e aguardente
e o beato quando levantava o dedo
fazia cagar de medo cabra metido á valente
.
e numa tarde quente de setembro
num povoado chamado Canudos
mais de mil homens muito bem armados
com a farda do estado fuzilaram tudo
véio , criança e até mulher com pança
num restou de tal matança, tudo ficou mudo
.
e o nordeste prá sempre ser lembrado
prá sempre condenado como o fim de mundo
o sertão vai virar mar o mar vai virar sertão
e o do céu há de voltar nosso rei Dom Sebastião

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